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Sinopse Histórica

Por Marcelo Felgueiras Napoli e Alessandra Selbach Schnadelbach, 03/06/2020

Desde sua criação em 08 de fevereiro de 1968, o Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) possui, em seu quadro de professores, zoólogos que desenvolveram e/ou desenvolvem estudos com animais aquáticos e terrestres. Em sua origem, os estudos então desenvolvidos no Instituto de Biologia estiveram focados na Biologia Marinha, com ênfase na área do conhecimento da História Natural. Esta aptidão inicial pelos animais marinhos remonta à própria formação profissional de seus primeiros professores. No início da década de 1970, alguns alunos recém formados pela UFBA seguiram as pegadas da denominada “Geração Cousteau”, dedicando-se na Universidade de São Paulo ao estudo de diversos organismos marinhos (poríferos, cnidários, moluscos, crustáceos e peixes). Aqueles alunos da UFBA se tornariam professores do Instituto de Biologia nos anos subsequentes e, com eles, seriam criadas algumas das primeiras coleções científicas zoológicas da UFBA.

A partir da década de 1980, impulsionado de um lado pela predominância de professores especialistas no meio marinho, e de outro pelos trabalhos de levantamento faunístico e avaliação de impactos ambientais terrestres, o Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia passou a priorizar a aquisição de novos professores pesquisadores com formação ligada aos ambientes terrestres. Deste modo, foram iniciados estudos com aranhas, escorpiões, morcegos e serpentes e que igualmente culminaram na formação de importantes coleções científicas zoológicas. A virada do século XX representou um importante marco no estudo da Biodiversidade desenvolvido no Instituto de Biologia – a criação do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Biomonitoramento da UFBA (ano 2000). A criação do PPGECOBIO foi consequência natural da própria história preteria do Instituto de Biologia, alicerçada nos estudos ecológicos marinhos. Todavia, o novo programa não estava ligado essencialmente ao ambiente marinho, mas antes aos estudos ecológicos de curta ou de longa duração, tanto de ambientes aquáticos quanto de terrestres. Neste contexto, uma demanda importante foi atendida no campo da Biodiversidade – a área do conhecimento 'Ecologia', a qual logrou excelentes frutos nos anos vindouros.

Concomitante ao sucesso da ecologia e igualmente a partir do ano 2000, houve crescente formação e organização de coleções científicas zoológicas na UFBA, o que trouxe à tona uma importante carência do Departamento de Zoologia: a falta de Taxonomistas no quadro de seus pesquisadores. Impulsionado por esta demanda, o Departamento de Zoologia no ano de 2002 iniciou um processo ininterrupto de contratações direcionado a preencher esta carência, culminando na efetivação de mais de uma dezena de professores atuantes em linhas de pesquisa diretamente ou indiretamente relacionadas à Taxonomia dos Grupos Recentes, à Morfologia/Fisiologia Animal e à Biogeografia. Com um corpo docente rejuvenescido pelo acréscimo de zoólogos, o Instituto de Biologia teve reconhecido o Museu de Zoologia em 30 de outubro de 2003 (incluso no Museu de História Natural da Universidade Federal da Bahia), incluindo todas as coleções zoológicas até então acumuladas em sua história.

A reunião de zoólogos no Museu de Zoologia acarretou neste núcleo de pesquisa e extensão uma efervescência de discussões sobre o ensino de Zoologia no estado da Bahia e sua importância estratégica para a UFBA. Concomitantemente e independentemente, a mesma discussão tomou conta de outras instituições baianas de ensino e pesquisa que igualmente entendiam ser importante o investimento institucional nesta área do conhecimento. Como consequência direta, no ano de 2005, a Egrégia Congregação do Instituto de Biologia da UFBA solicitou ao Departamento de Zoologia estudo sobre a viabilidade de criação de um Programa de Pós-Graduação em Zoologia, uma vez questionada pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) sobre a possibilidade de UEFS e UFBA integrarem proposta a ser enviada à CAPES. O Departamento de Zoologia deliberou que seria feito estudo sobre tal viabilidade, tendo sido incumbido de tal tarefa o Professor Marcelo Felgueiras Napoli. Os resultados do estudo foram entregues à Chefia do Departamento em novembro de 2005. Entre as principais conclusões elencadas naquele documento, destaca-se que o Corpo Docente do Instituto de Biologia, em especial aquele do Departamento de Zoologia, possuía capacidade acima do limiar de exigência da CAPES para propor a criação de um Programa de Pós-Graduação em Zoologia, modalidade Mestrado Acadêmico. O Departamento de Zoologia, após ampla discussão e deliberações, enviou reposta consequente à Congregação do Instituto de Biologia, recomendando a criação do Mestrado Acadêmico em Zoologia pela UFBA, mas sem participação de outras instituições devido, em essência, às dificuldades operacionais acarretadas por um mestrado interinstitucional.

Diante desta decisão, o Departamento de Zoologia instituiu comissão de três professores para montar a proposta de criação de um Programa de Pós-Graduação cuja área de concentração fosse a Zoologia. Esta comissão foi constituída pelos professores Marcelo Felgueiras Napoli (Presidente), Wilfried Klein e Rodrigo Johnsson Tavares da Silva. Os trabalhos de elaboração da proposta foram conduzidos ao longo do ano de 2006 e finalizados em dezembro daquele mesmo ano. O resultado final contou com contribuições de diversos professores do Departamento de Zoologia e dos demais departamentos do Instituto de Biologia. Além das contribuições internas, a convite da comissão de construção da proposta, o então representante da área de Ciências Biológicas I da CAPES (naquele momento incluindo áreas correlatas à Biodiversidade), Professor Adalberto Luís Val (INPA), teceu diversas e importantes contribuições à estruturação da proposta de criação do programa. A primeira versão da proposta foi encaminhada para avaliação pela então Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFBA (PRPPG), em 21 de dezembro de 2006, e a segunda versão, modificada por orientação da PRPPG, em 31 de janeiro de 2007, a qual foi aprovada pela Câmara de Ensino de Pós-Graduação em 14 de fevereiro de 2007. Posteriormente, seguiu para avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) ainda no primeiro semestre de 2007 (Proposta APCN No 3354). A Proposta de criação do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Animal (PPGDA) foi aprovada pela CAPES em 30 de agosto de 2007 e homologada em 18 de janeiro de 2008 (programa homologado pelo CNE, Portaria Nº87 DOU de 18/01/2008, Parecer 277/2007, Pág. 30 a 33, 17/01/2008).

A primeira turma do PPGDA teve início no primeiro semestre do ano de 2008 (data de início junto à CAPES: 01/01/2008) no curso de Mestrado Acadêmico. Novas turmas tiveram entrada anual até o ano de 2010. A partir do ano 2011 o PPGDA passou a ter ingresso de alunos semestralmente. Neste ínterim, o programa teve contribuições diversas para seu aprimoramento, incluindo credenciamento de novos professores efetivados na UFBA e de professores externos ao seu quadro. Como consequência, novas linhas de pesquisa foram adicionadas, disciplinas foram criadas ou reestruturadas e o crescimento qualitativo e quantitativo do programa ocorreu de fato, acarretando na elevação de seu Conceito 3 [triênio 2007-2009 (2010)] para Conceito 4 [triênio 2010-2012 (2013)] junto à CAPES.

Não tardou para que professores e alunos vislumbrassem o passo seguinte, fundamental por sinal, que consistia na criação de um curso de doutorado em Zoologia para o estado da Bahia, até então inexistente. Para alcançar este objetivo, foi constituída comissão para elaboração de proposta de criação de curso de doutorado, composta pelos Professores Emilio de Lanna Neto e Henrique Batalha Filho, com colaboração direta do então Coordenador do PPGDA, Professor Rodrigo Johnsson Tavares da Silva. Os trabalhos de elaboração da proposta foram conduzidos pela referida comissão de fevereiro a julho do ano de 2014. A proposta de criação do curso foi aprovada pelo Conselho Acadêmico de Ensino em 16 de julho de 2014 (Parecer No 514). Posteriormente, seguiu para avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) ainda no primeiro semestre de 2014, mais precisamente em 28 de julho daquele ano. A Proposta de criação do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Animal foi aprovada pela CAPES em 22 de dezembro de 2014 na 156a Reunião do CTC-ES. O curso de doutorado teve início em 03 de agosto de 2015, sendo que o processo seletivo para sua primeira turma ocorreu no período de 6 a 10 de julho de 2015.

Ainda neste mesmo ano, docentes do antigo Departamento de Botânica e do extinto PPG em Genética e Biodiversidade (PPGGenBio) deram início a discussão da formação de um novo PPG no Instituto de Biologia que permitisse a expansão do PPGGenBio para incorporar os docentes da área de Botânica, originando assim um novo programa na área de Biodiversidade. Os docentes do PPGDA que também integravam o corpo docente permanente do PPGGenBio participaram desta discussão, de forma que o PPGDA naturalmente se envolveu neste processo. O colegiado do Programa entendeu que o momento era propício para uma ampla discussão, considerando a possibilidade de ampliação de suas linhas de pesquisa e, consequentemente, de núcleo permanente, o que poderia incluir docentes do PPGGenBio, assim como da área de Botânica. Esta proposta foi amplamente discutida e aceita pela comunidade do PPGDA, pois permitiria tanto o crescimento do Programa quanto evitaria a sobreposição temática e consequentemente competição interna entre os dois programas no Instituto de Biologia.

Nesta direção, o colegiado do PPGDA e representantes do PPGGenBio e da área de Botânica formaram uma comissão composta pelos professores Adolfo Ricardo Calor (então coordenador do PPGDA), Emilio de Lanna Neto, Moema Cortizo Bellintani, Alessandra Selbach Schnadelbach, Nádia Roque, Henrique Batalha Filho e Kelly Regina Batista Leite que, inicialmente, estudou os indicadores de todos os professores interessados, bem como analisou possíveis consequências de tal ampliação. Reuniões realizadas a partir do segundo semestre de 2016 foram feitas para permitir ampla discussão por toda a comunidade do IBio, nas quais a maioria absoluta dos docentes estiveram presentes e puderam compreender a proposta e fazer suas considerações, tanto com relação às novas linhas de pesquisa, como em relação à nova grade curricular que poderia surgir no âmbito de uma reformulação dos projetos pedagógicos do PPGDA.

Essa iniciativa culminou na proposta de ampliação do PPGDA, com alteração do título do programa para PPG em Biodiversidade e Evolução (PPGBioEvo), assim como da área de concentração, homônima. O novo programa foi estruturado em duas linhas majoritárias de pesquisa, a saber (1) Sistemática e Biogeografia e (2) Biologia, Genética e História Natural, apresentando uma perspectiva inter e multidisciplinar na formação dos seus pós-graduados. Um novo regimento foi elaborado e a grade curricular foi totalmente reformulada e para adequar a nova filosofia do PPGBioEvo, apresentando disciplinas de caráter transversal como fundação de seu projeto pedagógico e diversas outras a fim de atender às demandas das linhas de pesquisa do Programa. O núcleo permanente (NP) do novo Programa foi integrado por 25 docentes com formação em diferentes áreas da zoologia, botânica, micologia e genética, todos com produção superior a 350 pontos no quadriênio, dos quais 10 eram bolsistas de produtividade do CNPq (40%) e dez eram membros exclusivos do programa (40%).

A proposta elaborada pela Comissão foi apresentada ao Prof. Dr. Paulo J. P. Santos, coordenador da Área de Biodiversidade da Capes, em 14 de junho de 2017, assim como as métricas de produtividade dos docentes, uma proposta prévia do novo regimento, além das alterações nas linhas de pesquisa e disciplinas do Programa. Após esta reunião, alguns ajustes na proposta original foram feitos. A proposta então foi encaminhada para os plenários da Coordenação Acadêmica (reunião em 25.10.2017) e, depois, à Congregação do Instituto de Biologia (reunião em 26.10.2017). Nestas duas reuniões no IBio, a proposta do novo Programa, PPGBioEvo, foi aprovada considerando as linhas de pesquisa, grade curricular e a minuta do regimento interno. Nesta mesma época foi realizado o simpósio "Biodiversidade e Evolução", durante o Congresso da UFBA em outubro de 2017, com os objetivos de integrar os membros e divulgar o novo Programa à comunidade acadêmica. Posteriormente, em 27 de junho de 2018, a proposta também foi apreciada e aprovada (processo no 23066.012352/2018-86) pelo Conselho Acadêmico de Ensino – CAE.

A proposta de ampliação do PPGDA, passando então a ser denominado PPG Biodiversidade e Evolução, foi homologada pela CAPES em 12 de setembro de 2018. A primeira seleção de pós-graduandos do PPGBioEvo foi realizada em dezembro de 2018, com o ingresso de seis mestrandos e quatro doutorandos em 2019-1. Atualmente, o Programa conta com 50 alunos matriculados e 119 egressos, mantendo a tradição de formação de profissionais com excelência acadêmica iniciada no antigo PPGDA.

Por fim, enfatiza-se ao leitor e à leitora que um breve relato como este certamente não é capaz de externar todo esforço emanado de um universo de atores que iniciaram estas conquistas muito antes de possuirmos cursos de pós-graduação no Brasil. Gerações de professoras e professores, docentes que sequer conhecemos em vida, foram aqueles que fabricaram as bases para que as pesquisas em biodiversidade fossem praticadas no estado da Bahia. Neste contexto, aproveitamos aqui para externar nosso mais sincero agradecimento à Professora Solange Peixinho (in memoriam) por parte considerável da memória aqui apresentada, o que evidencia que sem tais atores sequer poderíamos contar o pouco que sabemos sobre esta rica história. Cada um de nós do PPGBioEvo, assim como todos os demais profissionais que militam nas carreiras atreladas ao estudo da Biodiversidade em nosso estado, devem, em muito, ao esforço daqueles profissionais que, com sua dedicação e paixão pelo estudo dos seres vivos, nos permitiram estar hoje, aqui, continuando esta trajetória.

Marcelo Felgueiras Napoli
Professor Titular, UFBA/PPGBioEvo
Zoólogo

Alessandra Selbach Schnadelbach
Professora Associada, UFBA/PPGBioEvo
Geneticista e Bióloga Evolutiva

03‎ de junho‎ de ‎2020


Fontes de informação: Museu se Zoologia da UFBA - MZUFBA (2013). História. In: Website do Museu de Zoologia da UFBA. Disponível em: http://www.mzufba.ufba.br/WEB/História.html. Capturado em: 11 de julho de 2015.

* Fig.1. Cerimônia de doação da coleção de borboletas do Dr. Pedro de Araújo no salão nobre da antiga Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia, no bairro de Nazaré, cidade de Salvador, estado da Bahia, Brasil. Autoridades: segundo personagem à esquerda, Eduardo Araújo Filho; no centro, Isaías Alves, seguido à direita por Jones Seabra e José Maria Magalhães Neto. O Dr. José Maria Magalhães Neto era Professor de Biologia Geral e pai de Antônio Carlos Magalhães, persomagem ilustre da história política da Bahia.

1a versão PPGDA: Marcelo Felgueiras Napoli, Professor Associado Nível III, UFBA/PPGDA, 27 de junho de 2015.

http://s.glbimg.com/es/ge/static/live/materia/img/double_quote.gif?a3be13243c10O Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Evolução da UFBA está de braços abertos para você. Volte sempre ao nosso sítio e faça parte de nossa comunidade!